...não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons Luther King. Esse cara sempre me fazendo pensar sobre as coisas que falou. Tantas e tantas vezes me vi preocupada com o grito dos “maus”, não que eu realmente acredite que haja alguém “bom”, alguma pessoa boa. Todos nós somos dignos de pena. Nada do que fazemos é bom, pois o nosso coração não é bom, é enganoso, quer sempre satisfazer os seus próprios desejos. Mas, porém, contudo, todavia, temos Alguém capaz de transformar o nosso coração, para que assim consigamos ser, digamos, menos pior. Mas não é sobre isso que eu queria falar aqui. Movida por essa onda de só gente boa na politica da nossa querida Brasília, panetone, dinheiro na meia, dinheiro na cueca, governador preso, vice-governador renunciando, governador solto, 50 anos de aniversário de Brasília, obras paradas, trator pra todo lado, discursos com falsos moralismos, chega uma hora que satura, já não se vê mais esperança em lugar nenhum, luz no fim do túnel é mito. E o que adianta se indignar? Se a gente continua em silêncio, alguns até vão às ruas protestar, muitos acabam espancados, atropelados pela polícia, pela cavalaria. Não que eu ache que todo discussão edifique. Mas chega um ponto em que a omissão dos “bons” indigna mais do que os trambiques dos outros. Na maioria das vezes o preço a se pagar é alto por se impor em certas situações, mas certas coisas não se negocia, certos princípios não são negociáveis, e quando nos calamos estamos sim aceitando, de maneira tácita, mas aceitando sim certas imposições de um mundo perdido em seus erros, perdido em seus valores, ou falta de valores. Onde se banaliza o que realmente importa. Só um toque... a gente vai deixando passar muita coisa, achando que não vale a pena se impor, realmente, as vezes não vale mesmo... mas até que ponto não nos impomos pra preservar uma certa casca?
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